20150921

Daniel Uhr, o incrível ilustrador de aviões

Nascido em 1968, no Rio de Janeiro, Daniel Uhr . Filho de um chefe de equipe na extinta VARIG, a primeira companhia de aviação do Brasil, Uhr rabisca desde criança. Unindo o interesse por aviões fomentado pelo pai e o talento para o desenho, Daniel é, hoje, ilustrador de aviões. Seus trabalhos já fizeram parte de revistas do mundo inteiro, como a da Força Aérea Brasileira, a americana Aviation History e a polonesa Fluid. Além das revistas, também ilustra caixas de kits, escreveu um livro intitulado Luftwaffe Confidencial e também teve uma exposição individual, chamada “Impressions of a Dream’, que aconteceu em 2008.
"Conversamos com Daniel sobre sua carreira numa entrevista que você confere abaixo. O talento do artista você confere observando as fotos que compões essa matéria, todas ©Daniel Uhr": por Suzanne Tanoue - http://www.zupi.com.br/

Como surgiu seu interesse por arte? Veio primeiro que o interesse por aviação?
Não lembro ao certo, acho que se mesclam. O interesse pelo avião se deu por referência ao meu pai, que era chefe de equipe na VARIG. E eu desde bebê já viajava de avião. Por outro lado, sempre desenhei e fui bastante incentivado pelos meus pais. No meu quarto tinha uma parede só para eu rabiscar. Minha mãe fez assim, acho, até para poupar as demais do apartamento.
Pouco depois (8-9 anos), lembro-me do meu pai comprando aviões em escala (Kit tipo Revell) para eu montar. Eles vinham numas caixas com as tampas ilustradas. Eu as achava lindas, a ponto de recortar e guardá-las. Já pré-adolescente, completamente apaixonado por aviões, nas livrarias eu admirava por longo tempo as ilustrações e falava para mim mesmo: “eu quero fazer isto”. Ilustrar
livros, além de tampas de caixas para os modelos em escala.
Quais foram os primeiros passos da sua carreira?
Foram as tentativas de fazer layouts fictícios de tampas de caixa em gouache e cópias em vegetal de perfis de aviões já publicados. Passava horas desenhando a mão. Não existia computador. Mas para eu me fazer visto pelo mercado, levou um tempo. Só mais velho, na faculdade, após ter trabalhado em agências de design e publicidade, comecei a procurar as editoras, levando alguns trabalhos, inicialmente no Rio e depois SP.
Em paralelo, busquei algumas empresas de Kits fora, já que no Brasil não mais existiam. Esta busca se deu, inicialmente, pelas grandes empresas. Mas à medida que ia me aprofundando, fui descobrindo várias outras, não tão grandes. Mas com uma produção considerável. Logo, um mercado potencial.
De todas estas prospecções surgiram frutos e me fizeram trabalhar, não só para editoras nacionais, mas também para empresas de kits na Alemanha, China, Hong Kong, Tchecoslováquia e Austrália. Os resultados obtidos me foram tão gratificantes que retomei um projeto antigo (sonho) de fazer um livro sobre aviação e anos depois foi publicado.
Como surgem os convites de revistas estrangeiras para as ilustrações?
Após alguns trabalhos feitos para a indústria de kits, fiz um portfólio com os melhores e comecei a mandar via e-mail para as editoras. A princípio não tive nenhum trabalho de imediato, mas meus contatos foram guardados. Meses depois fui contatado por uma editora americana para ilustrar uma matéria. Na última edição além do miolo da matéria fiz as páginas de abertura.
Ao mesmo tempo algumas pessoas do exterior me procuraram, dentre elas um autor me convidou para fazer as ilustrações do seu livro. Topei e ilustrei quase o livro todo, numa publicação posterior desse mesmo autor fiz a capa. Ele me indicou para uma editora inglesa para a qual eu já fiz duas capas recentemente.
Qual é o seu software preferido com o qual trabalhar?
Não tenho um específico, depende do projeto da etapa e da aplicação final (qual o produto, mercado e público alvo). Mas normalmente trabalho com Corel, Photoshop, Rhino e Flamingo. Já trabalhei bastante com o Painter.
Com quais outras técnicas, além de digitais, você gosta de trabalhar?
Gouache, areografia, óleo e pastel óleo, além do lapís e a caneta esferográfica.
Tem algum projeto que é o seu preferido, o seu “xodó”?
Sim, alguns. Cada um representa uma etapa, uma vitória importante ao longo desta trajetória. Tampa de caixa foi o Myasishchev M-17 a primeira, depois um MiG 17 também para tampa de caixa, mas esta para uma grande empresa.
O livro Luftwaffe Confidencial (esgotado), feito em parceria com meu amigo Claudio Lamas que foi posteriormente republicado numa versão revisada e ampliada em inglês, por uma editora alemã, sob o título Luftwaffe Confidential. Recentemente a capa do livro American Secret Projects.
Quais são os próximos passos para você e sua carreira?
Continuar me aprimorando e estudando cada vez mais, prospectar novos trabalhos, fazer dois novos livros e, quem sabe, expandir a minha área de atuação. Como por exemplo, dar palestra sobre o assunto.
Veja suas incríveis imagens em:
Http://www.duhraviationart.com/#/portfolio

Post (147) - Setembro de 2015